segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Testamento (Cyrano Marques por Raffa Gomes)




"E me desfiz como pano sendo rasgado,
descobri um descaso descarado pairando,
depois de tanto tempo tentando,remoendo,
roçando com uma tentativa de chegar a lugar algum
por não saber,definitivamente onde lá é!

Custei a compreender o quanto culpado era,
quanto carinho faltou para construir aquele castelo
concreto, porém frágil e infeliz devido a falsidade que
não assumimos por todo o tempo que teimamos em
ficar juntos.

Vou grudar em todos os muros de minha indecência
os quadros que não levaste,as músicas que viciaste,
os poemas que tua voz levou e ainda soa nos
cantos dos cantos do meu inteiro único e sagrado Eu,

Hoje,dilacerado pela histeria da história que não terminamos,
ferido e amparado por um único e fiel sentimento,ainda desfacetado;
não posso e não devo assumir, mas aceito,agora,de bom grado,
a canalhisse de te ver sumir,sofrer e reprimir,em baixo do braço,
este contrato,que destruirá de uma só vez a esperança errante,
um tanto lúcida,que ainda me restava...te ver casar.

Sairei por ai,a procura de outra você!
Vou bater nas portas das igrejas,dos impérios,das sinagogas,
vou invadir o inferno,os conventos,os templos!
E espero,no decorrer do tempo,terminar meu testamento
entregando-lhe meu último suspiro.Deixar de ser algo vivo,
nas mãos de quem vida me deu."

(Cyranos Marques por Raffa Gomes)

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