quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O Olho do Furacão ( Por Raffa Gomes)

Tinha, no nosso desejo de estar junto
como tem n'água a tranqüilidade de molhar
a terra e a ferocidade de rasgar a mata
na hora de fazer rio,

havia uma serenidade de vento vindo
do atlântico, quase transformando o dia
de sol em chuvada, destas qu'a gente
bem conhece, quase nada d'água.

Eram acontecimentos. Era como olhar pr'os
seus cabelos na meio daquele vento todinho,
e perceber o desejo da revoada de pegar
com dedos e levar pra dançar, aquele
desenho indeciso quase vivo dos teus cabelos.

Quem teve sorte d'estar no olho do furacão?

Eu era um’spécie de mentira contada,
Era um momento intercalado da conversa
E da falta do que falar. Tudo aquilo
Que não existia, mas precisava, porque tinha,

tinha de presenciar aquele fato, tão ..
Era quase uma loucura envergonhada:
(já que loucura hoje, se vende nos mercados,
a preço de banana ) mas declarada
Porque não tinha medo de se exprimir.

Tudo aquilo acontecia. Quase que um mistério
do lugar, uma farsa que não deveria acontecer.
Uma certeza de que a vida ali, não acontecia
mas era exatamente a única coisa que se via.. Vida!

Afinal, quem sabe o que é estar lá no acontecendo??

Os derramentos de mim, meus pedaços se desfaziam.
Minhas histórias se (des)contavam, se esqueciam de si!
Os modos de ver o que não queria, refizeram-se. Todas.
Uns encontros de sertão e cidade grande. De fatos
necessitando acontecer juntos, pedindo um ao outro,
sem palavras, sem muitos gestos ou rodeios.

Atordoado, não mais me sabia. E o meu mundo se refez.
Ai foram olhares e olhares. E abraços e carinhos, e cabelos
que se misturavam – ‘spécie de comida gostosa-
muitos cheiros exalavam e eram inalados, a medida
que o dia avançava, ignorando todas as únicas e verdadeiras
verdades que jamais teríamos contado a qualquer outro alguém!

No entanto, estar no olho do furacão, não é mais do que sensação..

E nada disso havia acontecido factualmente.
Tudo era poesia que estava na cabeça de dois.
Acontecendo nas entrelinhas de um olhar que durou
Cerca de milésimo de segundo.
E dura até hoje. Quase anos.Quase uma vida.
Mais de uma história. Duas.


Som - Chico césar (coletânea)

2 comentários:

vislumbres disse...

Rafael, tua poesia trouxe doce alento à minha imaginação, pois sabe, como poucos, embalar de palavras o mundo, com uma clareza de imagens e pensamentos que fazem da vida um modo de regressar mais plenamente à vida.

Grande abraço,

Fábio.

Anônimo disse...

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