sexta-feira, 12 de março de 2010

Na forja ( por Raffa Gomes)





Havia, numa pedra torta
tortuosas formas de se fazer a rima
dadas as horas que não passavam
mortas, já que vivas se forjavam
vivas, e sofriam sozinhas nas bordas

Duma vida sem paralelo,
numa história em construção;
conseqüência de correr do tempo
comodismo do corpo em paixão.

No que não servia era expelido
amassa amassa com clarão herdado
fragilizando o que a forja resistia,
resistindo aos anos que não passavam
deixando marcas de terror infindo
tão belas quanto o cheiro adocicado,

das deidades que vínhamos produzindo
roçando corpo a corpo nuns espasmos
nús, sem desejo escrito mas vívidos e
vivídos sem precedentes, contrariando
alguns lados das tradições presentes
quando dizem que precisa ser confortável
o cólo pros corpos em coito ardente,

Brasa do metal em riste
sobre a pedra em lascivos uivos,
liberando faíscas a todo custo,
limalhas de ferro forjando
só um corpo da pedra, do ferro e do fogo..

E o corpo ardendo aquecido,
fundindo aos brados masculinos
e femininos, começa a se derreter
quase líquido quase, erigindo
derramamento em alarde
Ah-lar-de tão seguidos,

forçando o término d'um
embate indistinto de modesto,
calando porque completo
aflito por nova forja.
Agora com suspiros e sussurros.

2 comentários:

Nadine Granad disse...

... de uma sensualidade que caminha entre o plácido e o intenso!...
Difícil tatear as divisões dos versos... Não que mate a poesia - dá dinamicidade à ela!...
Milhares de imagens... Eh, imaginação!

Beijos!

Thai disse...

Belo!!!