domingo, 28 de junho de 2009

Cavaleiro errante! (por Raffa Gomes)




Cada dia mais longe numa estrada,
A estrada se faz farça aos olhos do andante.
Caminha, tendo no sonho uma única parada,
Ao encontrar seu amor, lá, sempre no horizonte
De um errante, sem nome, sem ponte
Com histórias e mais nada;

Velozes mosquetas assopram suas vestes cansadas,
Estas vestes, um dia, uma hora estarão por um fio,
Aquele mesmo fio que um dia formou de fato
O que hoje não é fio é trapo,

mas carrega o andarilho com uma força
no encalço d'uma moça, que está sempre além,
E esta gana de chegar noite, aurora,
Só com o apoio da flor, que outrora,
Lhe arrancara sorrisos.

Deixa saudade na estrada por onde passa,
Até esta, que sem fim começa, faz o possível,
De encurtar a distância, que separa
A moça deste velho mendigo.

Por ter abandonado tudo que havia criado,
Desde galinha, gato, até homem afilhado,
Virou andante, cavaleiro cego, errante,
Andarilho de um amor distante, e de coragem
Que busca incessante, pois é amor de verdade!

Lembrou-se um certo Cervantes,
Lembrou que aquele tinha companhia,
Fez a benção ao renomado de antes
E fez da sua viola, Pancho Villa.


(som - Céu/Véu da Noite)

Um comentário:

Nadine Granad disse...

Cavaleiro errante... começando pelo título... muitas imagens sugestivas...
Gosto muito de Cervantes... fico suspeita para exprimir algum comentário mais relevante...
... Por fim, somos todos andarilhos... estradas sinuosas... errando...
...Teceu boas imagens... remetendo a obra de Dom Quixote... com outro olhar poético...
Apreciado!
Beijos.