Foto por Nick Gomes
"-Ei senhor pássaro,Por favor,
podes,pelos menos vir aqui,me olhar?
Colocar no seu roteiro,céu da pátria, minha estada
simples contratempo,papear qualquer conversa.
Ter meu tempo,por inteiro,só por prosa.
-Olá,senhora,você que por mim passa e não me olha;
gostaria ser, mais que natureza morta no canto da rua,
na hora que o mundo,desalinha num segundo e tudo revira
transforma solidão,silencio,meditação sem constrangimento
abafado e depois,saem a me procurar lá no acampar.
É simples como olhar pra baixo.
-Seu moço,por gentileza seu moço eu só quero dizer,
teu cadarço está andando mais que você,desamarrado
pode causar todo o furor de uma santa queda,e até eu,
terei culpa,por não ter avisado.
Minhas pétalas se esvaem,como o cobertor daquele senhor.
Com o tempo,nem esta nem aquele serão mais um problema,
ambos se despediram deles mesmos,para mais um canto
do outro canto do penhor desta igualdade nunca plena,
que desafia o nosso peito,a própria sorte.
E repara que nossos filhos,não fugiram a luta,porque nem nascem,
Caem no mundo já mortos,tentando sobreviver
Ao primeiro impacto que outr’ora era felicidade ao se ver,
E espelhava a grandeza daquela hora,o nascer
e agora é pesar e teme,quem o adora.
A própria morte.”
Raffa Gomes
(som - Flor da favela_Cibele)
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