terça-feira, 19 de outubro de 2010

Como ela (por Raffa Gomes)




São olhos, e outra coisa.


Olhos e algum tipo de fantasia intelectual


desvairada, da criança que chora,


da que brinca e corre.




Um delirio rasgado que assusta,


desconcerta quando a gente se obriga


a despedir porque as horas vem, e não se tem


outracoisa a fazer a não ser Voar ali,


de pés no chão de frente pra ela,


de pés no chão e sedento e cego.




E uma certeza de tantas coisas


naqueles olhos, tantas diferenças


certas como setas rumo ao alvo que,


quando se a si percebe, foram-se horas


e histórias e histórias...




Uma ciranda de carinhos e imagens,


de nudezas e invasões e a falta do


diminutivo na quarta palavra desta estrofe


explica o quanto a quantidade de belezas


das musas dos poetas e dos escritores,


e músicos e doutores, autores e reis;




fabulosistas, cronistas, contadores;


Marias bonitas, Helenas ou dulcinéias ou


Dorotéias ou divinas são tão grandes quanto


a quantidade de belezas que existe tão


inteiramente DentroFora desta que é tantas


e tão poucas num só dia e hora das tantas


que felizes vivemos, e despedimos.




Para logo s'encontrar.




Como ela vento e eu mar.


Como eu raio de sol e ela pedra.




Tudo ao mesmo tempo no seu tempo.




Aqui e ontem,


Hoje e agora.




Assaz.