quinta-feira, 25 de março de 2010

Poesia ( por Beth Aquino & Raffa Gomes)





Jorrando do peito vinha,
feição de face, sobre os ventos
que margeavam o entre algo
na vastidão de espaço d'um corpo
a outro, (aquele quase não caber
tudo de quando a gente
esta se olhando)

Caindo caia um qualquer algo
do que parecia outro ser humano nascendo
e não desatento, desperto de todo momento,
aquele instante da vida, parecido a véspera
d'um primeiro beijo, parece que tudo no mundo
é nada, e o que existe é música

e respiração na mesma frequencia.
Toada do organismo da gente
na hora que precisa cantar e afinar a voz
c'outra gente, e dois cantando um.

E vida acontecendo,
e o cheiro do que a historia não contou,
nem a literatura fez ser, porque escreveu:
As coisas acontecem quando a gente não quer;
o querer que impede de vir e a visão.

Muito melhor do que quando a gente queria.
Cachueira

(som - Cangote / Céu)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Na forja ( por Raffa Gomes)





Havia, numa pedra torta
tortuosas formas de se fazer a rima
dadas as horas que não passavam
mortas, já que vivas se forjavam
vivas, e sofriam sozinhas nas bordas

Duma vida sem paralelo,
numa história em construção;
conseqüência de correr do tempo
comodismo do corpo em paixão.

No que não servia era expelido
amassa amassa com clarão herdado
fragilizando o que a forja resistia,
resistindo aos anos que não passavam
deixando marcas de terror infindo
tão belas quanto o cheiro adocicado,

das deidades que vínhamos produzindo
roçando corpo a corpo nuns espasmos
nús, sem desejo escrito mas vívidos e
vivídos sem precedentes, contrariando
alguns lados das tradições presentes
quando dizem que precisa ser confortável
o cólo pros corpos em coito ardente,

Brasa do metal em riste
sobre a pedra em lascivos uivos,
liberando faíscas a todo custo,
limalhas de ferro forjando
só um corpo da pedra, do ferro e do fogo..

E o corpo ardendo aquecido,
fundindo aos brados masculinos
e femininos, começa a se derreter
quase líquido quase, erigindo
derramamento em alarde
Ah-lar-de tão seguidos,

forçando o término d'um
embate indistinto de modesto,
calando porque completo
aflito por nova forja.
Agora com suspiros e sussurros.

sábado, 6 de março de 2010

Girassol ( por Raffa Gomes)






Gira sol



Só o sol girando

lá no céu, girava

o sol só e na gira

sol não tonteava;



Alguma dança parecia

a roda da saia do sol

e até a nuvem assumia
parte no vestido da canção!

E a girar, o sol saia:

gira sol, gira !

P’ros olhos desta planta morena

acompanhar-te até o dia


que dia não for mais

e a lua tomar parte na dança
que o sol deixou pra trás.



(som - Fadas / Luis melodia)