domingo, 28 de junho de 2009

Cavaleiro errante! (por Raffa Gomes)




Cada dia mais longe numa estrada,
A estrada se faz farça aos olhos do andante.
Caminha, tendo no sonho uma única parada,
Ao encontrar seu amor, lá, sempre no horizonte
De um errante, sem nome, sem ponte
Com histórias e mais nada;

Velozes mosquetas assopram suas vestes cansadas,
Estas vestes, um dia, uma hora estarão por um fio,
Aquele mesmo fio que um dia formou de fato
O que hoje não é fio é trapo,

mas carrega o andarilho com uma força
no encalço d'uma moça, que está sempre além,
E esta gana de chegar noite, aurora,
Só com o apoio da flor, que outrora,
Lhe arrancara sorrisos.

Deixa saudade na estrada por onde passa,
Até esta, que sem fim começa, faz o possível,
De encurtar a distância, que separa
A moça deste velho mendigo.

Por ter abandonado tudo que havia criado,
Desde galinha, gato, até homem afilhado,
Virou andante, cavaleiro cego, errante,
Andarilho de um amor distante, e de coragem
Que busca incessante, pois é amor de verdade!

Lembrou-se um certo Cervantes,
Lembrou que aquele tinha companhia,
Fez a benção ao renomado de antes
E fez da sua viola, Pancho Villa.


(som - Céu/Véu da Noite)

sábado, 20 de junho de 2009

Convite ( por Raffa Gomes)



Para Deborah

"...menina, mãe, mulher
maldita aliteração que cabe,
tão literalmente, num ser humano só,
e é usado em todas as suas possibilidades,
com uma arte desumanamente trabalhada,
com força, luta armada interna
desfechada em ribombar de batuques
desencontrados, mas numa cadência
nunca musicada.

Fagulha,
incendeia já queimando todo o combustivel
surpreendido afeminando fogo fátuo feroz
forte e ferrenho, vosciferado as fartas vozes
que dentro dela gritam, disputando quem
nesta hora irá dominar ou ser dominado,
sabendo que os dias
não esperam as fragilidades, mesmo eles
cientes de o quanto as tuas sensibilidades,
são parte da estrutura que caminha ao seu lado!
Quase dentro de si.

Mesma chegada em bando
alinhado, sem caminho,
tortuosa forma de avisar.

Sem motivo, sem obrigação do que,
quando o medo é assunto da discussão,
como fragmenta palavra para explicar,
pensando forma das sutilezas esvoaçadas
dos porquês que ditos serão ...

Pretinhosidade preciosa.
Sobre todas as coisas, falha nas tempestades
que por assim o serem, perfeitas são.
Sem necessidades de explicação,
dado que a vida encontrou, assim e só, o jeito
de chegar onde estou, e és. Por consequência;

Desconstruindo um tipo, desregrado
mas tão bonito quanto todos os brilhos
das estrelas nas noites sem lua de um qualquer sertão.
( e estes, brilhos,
todos eles, pulsando fininho
infinitinho
parecem estar dentro
de um só olho)

Refazem todo o sonho do poeta
de encontrar - como agora - na musa tanto
feia quanto bela, as não felicidades
que habitam dentro dela,

Para crescer junto,sem demora nem espera:
Vamos?"


Raffa Gomes
16/06/09
22:22pm

(sons: Pretinhosidade e Estácio Holly estácio - Mart'nália e Luiz Melodia)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pedra ( por Raffa Gomes)




"Cabe a pedra que não se mexe,
ser pedra por não ter olhos,
e se ser por completa,
ao não saber nada,por ser pedra,
mas existir por inteiro.

E aos olhos,firmar uma conciência
de não ser só olhos,por ter te em presença
e verdade,e sapiencia da maldade,onde ela afeta!
Mesmo sendo a água que fura a pedra

Mas de ser pedra,quando por inteligência,
e saudade,quando por viscoso líquido,
ferindo,rasgando um inerte corpo,
sem movimento visível,movimentando.

Fundir de dois corpos que se consomem
em uma nesga de tempo,quase tema
de epopéia do vento,que tambem destôa
a forma da primeira,que agora,está morta!

Vontades."

sábado, 6 de junho de 2009

Passagem (por Raffa Gomes)



Qualquer coisa entre o irreal e o desumano
Meus olhos não acreditam no que estão vendo
Meu deus, por favor, explica-me se sonho
Ou mate-me para não ficar sofrendo!

Se é um anjo, sou medonho.
Toda a parte que não quero dentro do medo!
Se é bicho, sou estranho,
Nas tardes frias que desconheço meu outono.

Meia-morte. Mundo deposto.
Problemática enfadonha. Alvoroço
Entre aqui fora e lá dentro

Tudo voa. Movimento coletivo.
Balançar escancarado. Fino
E sutil traço do amor que passou!