sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Varanda do Pensamento (por Raffa Gomes)




"Tem certos momentos,que a saudade fica forte;
E o que eu faço?
Em mim,acontecem lágrimas na varanda de um pensamento,
experimento prazeres desconhecidos,
que não sei se os queria,mas sinto.

Podes tú ser real?
Será mesmo que respeito e amor próprio,
quando dado a si,sem medida
atrai,em quantidade infinita?

Minha saudade,é tal qual faca de duas faces,
não há parte que se pegue,
sem se ferir,mais da metade,em rasgo inefável.
Mesmo conciente!

Irrecuperávelmente és minha.
Dura pedra imutável,se não incomodada.
E o que eu faço?
Aconteço lágrimas,na varanda do pensamento."

(Raffa Gomes)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Testamento (Cyrano Marques por Raffa Gomes)




"E me desfiz como pano sendo rasgado,
descobri um descaso descarado pairando,
depois de tanto tempo tentando,remoendo,
roçando com uma tentativa de chegar a lugar algum
por não saber,definitivamente onde lá é!

Custei a compreender o quanto culpado era,
quanto carinho faltou para construir aquele castelo
concreto, porém frágil e infeliz devido a falsidade que
não assumimos por todo o tempo que teimamos em
ficar juntos.

Vou grudar em todos os muros de minha indecência
os quadros que não levaste,as músicas que viciaste,
os poemas que tua voz levou e ainda soa nos
cantos dos cantos do meu inteiro único e sagrado Eu,

Hoje,dilacerado pela histeria da história que não terminamos,
ferido e amparado por um único e fiel sentimento,ainda desfacetado;
não posso e não devo assumir, mas aceito,agora,de bom grado,
a canalhisse de te ver sumir,sofrer e reprimir,em baixo do braço,
este contrato,que destruirá de uma só vez a esperança errante,
um tanto lúcida,que ainda me restava...te ver casar.

Sairei por ai,a procura de outra você!
Vou bater nas portas das igrejas,dos impérios,das sinagogas,
vou invadir o inferno,os conventos,os templos!
E espero,no decorrer do tempo,terminar meu testamento
entregando-lhe meu último suspiro.Deixar de ser algo vivo,
nas mãos de quem vida me deu."

(Cyranos Marques por Raffa Gomes)

Sou fratura expósta (andrérnica...)

Ainda que todas as flores me desprezem,
Ainda que a vida tenha me omitido o verdadeiro sentido da felicidade,
Ainda que a carne me atraia, não sinto mais o prazer.

Sou amante das cores, muitas vezes transamos,
ainda assim, um cinza me nubla a mente.

Sigo errando, sou um “Édipo”
vagando cego pelo deserto das desilusões,
pagando por não ter matado meu pai,
e por não ter transado com minha mãe.

Vago por este “Bosque das ilusões perdidas”,
em meio as “Flores do mal”, exalando meu odor tétrico
observo as Hienas, elas riem famintas do meu estado podrômico,
sou todo alimento, 63Kg. de carne impura
sendo devorada diariamente.

Sou um asilo de aflitos, vermes que se nutrem diariamente de minha sensibilidade,
sou o drama da matéria, “moesta et erabunda.

Destinado a sentir a dor do outro, as dores do mundo,
as dores de uma ferida aberta pelo “ser” humano,
Que ensina a “não ser” humano.

Posso sentir seu gosto, posso sentir seu cheiro,
ainda assim, não me enclausuro em sua casca.
E não cicatrizo nunca.

Sou fratura exposta. Sangro a tua moral.

Estou em carne viva.

(andrérnica...)

Declaração de amor! (Cyrano Marques,por Raffa Gomes)

(Fotografia por Nick Gomes)


"Me despreze,me destrua;
Faça de minha existência,todo o erro divino,
desloque-me de meus lugares,
faça chacota com a minha influência,
seja a única e expressiva verdade!

Vamos,se refaça,
busque mais oxigênio para continuar a empreitada!
Não desista de afundar esta carcaça inerte,
despeitada,denegrida,desacreditada,
quase sem vontade de viver!

E não se esqueça de destruir cada vestígio.
Pois se restar uma cinza,uma só faísca,
um deslize de sua atenção perdida,
será como se tú,também não tivesse existido.

Verás que o teu momento de fúria,
foi de uma inutilidade tão profunda
quanto as tantas e tantas vontades que tentara
imprimir com as palavras que perdeste,
naquele seu estúpido momento de cólera impensada.

Tentaste com tanto gosto,
destruir a si mesmo em meu corpo,
acabar com o que criou nos momentos de gozo,
que se vil fraco.Covarde.Inapto.
Desgraçado pela impossibilidade de consumar o fato.

Mas serei o contrário...
Te perdoarei pra sempre,independente do que faça.
te serei espelho com oposta graça,
farei exato o que não queres,para simplesmente mostrar,
o quanto,tú,para sempre,dependerá de mim."

Cyrano Marques por
(Raffa Gomes)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Historinha pra dormir. (por Raffa Gomes)

Beija-flor grande da mata


Passarinhando flor em flor,
encontrei algumas que conhecia.
Amigas flores,que perguntaram,
como andava a minha vida..
Respondi:
Batendo asas,de poesia em poesia,
criando histórias,inventando mentiras,
chorando a verdade que esta terra bravia
não tardaria ensinar!

Elas conversando:
Como é bobo este que vai a cantar.
Soubesse ele que a vida sempre ensina
o que é preciso ensinar,
e que o sol,quando se despede,
tem certeza que vai voltar!

Nunca mais reclamei.
(Raffa Gomes)

LIBERTarte (andrérnica...)

Apesar de lutarmos, nós artistas, constantemente por liberdade, seja ela de qualquer caráter, muitas vezes não pensamos o quanto vivemos em prisões impostas ou criadas por nós mesmos. Nos fechamos em nosso mundo de individualidades, com nossas heranças culturais, sem permitir que ultrapassem nosso limite físico espacial,e assim permanecemos friamente em nossa sociedade anti-social, apenas seguindo o fluxo da vida. Temos “nossa” cultura, hábitos, crenças e crendices, patrimônios étnicos e históricos, “direitos e deveres”, convenções nacionais e internacionais. Todos esses estados comportamentais, são prisões éticas e morais, que inconscientemente, nos condicionam à padrões estéticos, sociais, político e cultural. Padrões esses que de forma dogmática, penso eu, estão incrustado em muito do que é produzido nas artes plásticas, corrompendo e contrariando o seu caráter libertador.Sendo assim, quando pensamos que a arte está questionando, discutindo ou apontando os elementos do mundo e tudo o que com ele se relaciona,de dentro de museus, galerias, centros culturais privados e qualquer outro lugar institucionalizados para se expor o pensamento crítico visual. Estamos tristemente enganados. A arte não pode ter fronteiras e não aceita imposições físicas nem mentais.

Pessoas de Chumbo. (andrérnica...)


Sob a tenra escuridão da profundeza do pensamento;
O lodo da luz real das coisas,
Sem mascaras de arlequim,
O quão bósta somos,
Reduzidos a comer, cagar e transar.

Pessoas de chumbo com armas de carne.

Induzidos, condicionados, gados de rebanho, nulos, graves, ásperos...

Sádicos de essência,
Carniceiros de existência,
Doces diante da dor.

Pessoas de chumbo,
Armas de carne.

Pessoas – armas,
Carne de chumbo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ladrilhos (por Raffa Gomes)



Ladrilhos

De que me valeria
ter a lida,e não a arte,
de te fazer em minha carne
parte de minha sina?

E de quanto improvisso
eu precisaria,
para subir nos palcos da vida
e fazer de tua historia,
meu ponto de partida,
e custear este momento,
para que nunca fosse em vão?

Que prefeito ou ministro,
teria de enfrentar,
para que todas as ruas,
fizesse ladrilhar?
Que não fossem apenas
ruas principais
ou extremas,
poucas calçadas ou esquinas
de um bairro angular !
e que tu,comigo,pudesse passear.

Que presidente eleito,
ou cargo menos suspeito,
chegaria a alcançar ?
Que fosse para alimentar rebento,
ou cria das ruas e becos
d'uma alameda ou país inteiro
para ser importante sujeito,
e assim,tu me viesse observar!

De que vale poetizar,
Se minha arte continua no teu corpo ?
Se a razão do meu pensamento,
existe e agrega,apenas no silêncio,
deste eterno e demorado
mas com ponto final no tempo,
brilho de olhar?

O que me da alento,
é poder ver,
a consequência dos acontecimentos,
e ter esperança
de que meus intentos,
não serão motivos
para a decepção.

e aquele instante
o nosso consenso
será..
unicamente..
Celebração!

Raffa Gomes

Memórias de ninguêm que existe ( por Raffa Gomes)


|Fotografia por Ricardo Gomes|

"Olhando cá de cima,parece que nem é confuso,
passa um cão,umedece, sai feliz.
Um outro ladrão,se apoia para novo fôlego,fugiu;
novo maço de mato,começa a brotar.
O vento,tenta,desde o primeiro dia derrubar.

Agora um bêbado,conversa como se fossemos amigos,
velhos parceiros de contos e contos de réis.
Reis e leis para apoiar.Propagandas de todos os homens
que este bêbado jaz conhecer,e satisfazer toda a prosa,
com um até logo ou até mais.

O dia já vem competir com o que produzo tão calmamente.
Logo,minha estada será só mais um adorno repetitivo
e cansativo para a imagem da cidade.Talvez os pombos,
venham falar comigo,com a mesma frequência que as horas
passam e passam,esperando o próximo momento,da sua utilidade!
O momento de ser visto."

( Raffa Gomes)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

pra'quele menino da praça da sé ( por Line Montovani)

O som ambiente da noite, sapatos.
O aborto do sol. É noite.
O oco. Ecoa o estômago vazio.

Diante do ferro chumbado e sujo, olhos estalados.
A grade crucifica-o. A segurança manifesta-se nas mãos.

A grade, mãe fórceps.
O peito posto a ela. O nascimento.
Calor? Farrapos trajes.

O primeiro ar é tragar um último cigarro.
Respira alma. A minha.

Line Mantovani

pra'quele menino da praça da sé

O som ambiente da noite, sapatos.

O aborto do sol. É noite. O oco.

Ecoa o estômago vazio.


Diante do ferro chumbado e sujo, olhos estalados.

A grade crucifica-o.

A segurança manifesta-se nas mãos.


A grade, mãe fórceps. O peito posto a ela.

O nascimento. Calor? Farrapos trajes.


O primeiro ar é tragar um último cigarro.

Respira alma. A minha.


Line Mantovani

Menos Brasileiro ? ( por Raffa Gomes)


Fotografia ( Ricardo Gomes )


Houvesse seca,houvesse enchente,
houvesse seca,houvesse enchente,
houvesse seca,houvesse enchente,
o problema seria sempre da chuva!

Sabendo nossa cidade,um sertão de pedras,
o que aqui,muito se tem para cima,
lá tem,em abundância tambem,em linha reta,
pra frente,para os lados,e em toda a extensão do nada.
E nossa vida,é tão repetitiva quanto..A mesma labuta.
Já disseram o sertanejo,como sendo um forte,
e este retrato é tambem nosso,nos dias de hoje !

Ontem,ainda ontem,me vieram pedir fogo
para uma destas drogas ilícitas.
"Querido simbolo da terra,da amada terra do brasil!"
E eu,por não o ter tive que pagar a pena,
de escutar: - Que pena,sobra mais para nós.
Sendo ela uma estrangeira,que ilegal estava com a sua ilegalidade!

Salve lindo pendão da esperança,
ah ainda aqueles que dizem a vida,sendo fácil
e por ventura,os faladores da vida ao contrário.
Estamos estáticos.Obrigados a engolir a duros tragos
uma fumaça de palavras mal jogadas,incautas,sem destino,
e continuar sorrindo.Salve símbolo augusto da paz.

Houvesse indiferença: Racista;
Houvesse desatenção:Estúpido;
Houvesse rigidez: Fascista;
Menos brasileiro.

Meu sorriso amarelo. (andrérnica...)


MINHA ALEGRIA É FALSA,
MEU SORRISO AMARELO, COMO O SOL,
VOMITO O SOL,

MINHA ALEGRIA É FALSA,
MEU SORRISO AMARELO, COMO O DA IENA.
SOMOS IENAS,

COMENDO CARNIÇA E RINDO DA CARA DO OUTRO,
COMEMOS A NÓS MESMOS,
PURA CARCAÇA AMARGA E ASPERA,
FOI CORTADA DA ESQUERDA PARA DIREITA;
"SOMOS NAVALHAS DE NÓS MESMOS",
PRONTOS PARA CORTAR OU SE CORTAR,
A VERDADE BRUTA,
O DESESPERO DO SEU DESCONHECIDO.

MINHA ALEGRIA NÃO É FALSA,

MEU SORRISO ESTA VAZIU, BANGUELO.

Livro de Mágoas (andrérnica...)


Este livro é de mágoas. Desgraçados
Que no mundo passais, chorai ao lê-lo!
Somente a vossa dor de Torturados
Pode, talvez, senti-lo... e compreendê-lo.
Este livro é para vós. Abençoados
Os que o sentirem, sem ser bom nem belo!
Bíblia de tristes... Ó Desventurados,
Que a vossa imensa dor se acalme ao vê-lo!
Livro de Mágoas... Dores... Ansiedades!
Livro de Sombras... Névoas e Saudades!
Vai pelo mundo... (Trouxe-o no meu seio...)
Irmãos na Dor, os olhos rasos de água,
Chorai comigo a minha imensa mágoa,
Lendo o meu livro só de mágoas cheio! ...
( FlorBella de Alma Espanca)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

MePerdi ( por Raffa Gomes)

"Decidi namorar teu retrato.
Me perdi,e isto posto
padeci de encontrar novo caminho
para uma sanidade já em desalinho.

Diadesses,respirei teu cheiro
em um lugar por ai.
Me perdi,e predisposto
sai a cambalear procurando rumodecasa.

Sosseguei em minha cadeira de descanso
pensando o padecimento
de meus negros ossos!
Encontrei teu abraço entre eles.
Me perdi,suposto suspiro
enlaçado por ti.

Descansei despido de saudade já.
Deliciado pela forma tão delicada
desta aura que persiste em me acompanhar.
Teimosamente,dormi; sempre ti no pensar.
Me perdi.Oposto ao que imaginava
encontrei a mim,no teu lugar.."

Raffa Gomes
(Som: Ando devagar - Almir sater)

Pedido (por Raffa Gomes)

Público só é público
Se tiver artista para contemplar;
Suba ao palco para ser artista "artistar"
Quando se propuser a criar
Fazer d'arte sua filosofia,
Levando esta do pé a barriga,
Da cabeça ao coração
Expresse a tua arte com arte vivida,
Com coerência desmedida
No ritmo de tua vida..
Como a cadência d'uma canção!

(Raffa Gomes)